Viver sem explicar, só rodar

O vazio da existência não é aquele buraco que você cai — é mais como um loop infinito sem break. Você acorda, trabalha, responde e-mails, dá risada de um meme… e, de repente, nada disso compila. É só linha de código rodando sem retorno.
É aí que entra a tal “inteligência do joelho”. O corpo dobra, estala, lembra que tá ali. Como se dissesse: “eu ainda funciono, mesmo que tu ache que não”. O joelho, pragmático como sempre, não pergunta motivo nenhum. Ele só faz: dobra e sustenta. Enquanto a cabeça, lá no topo do stack, dá tela azul.
A depressão é cruel porque cutuca o “pra quê” de tudo, mas o joelho não tá nem aí. Ele executa. Ele te põe de pé quando levantar parece piada. Mostra que a vida é feita de microprocessos automáticos que, juntos, te seguram no sistema.
E olha que curioso: enquanto a mente abre mil abas perguntando sentido, o corpo roda no background sem pedir autorização. O coração não pede justificativa pra bater, os pulmões não param pra filosofar antes de inflar. Esse “código de baixo nível” ignora abstrações e só toca ficha.
E talvez seja isso: encontrar no corpo — no joelho, no coração batendo, na respiração que insiste — a lembrança de que existe uma inteligência escondida, mais simples que qualquer filosofia, mas que ainda segura a barra.
Talvez a inteligência do joelho seja um lembrete de que não precisamos sempre saber o porquê para seguir. Dói, mas dobra.
No fim, o que dá pra fazer é se mapear o tempo todo: entender onde trava, onde flui, onde precisa refatorar. Se perder tentando decifrar o “sentido do mundo” é bug garantido. O que faz diferença é rodar o diagnóstico em si mesmo — porque às vezes, só isso já basta pra continuar compilando.